St. Vincent voltou, ontem (27), ao Porto e não precisou de inovar para conseguir captar a atenção, numa noite extremamente eclética do Hard Club.
O Hard Club recebeu, passada quinta-feira (27), St. Vincent, a cantora e compositora americana que se apresenta em nome de Annie Clark.
O concerto começou e continuou maioritariamente com a vertente teatral de Annie o que, dependendo dos gostos, foi algo que encantou ou desagradou aos fãs da cantora. De facto, esta texana rejuvenescida é uma artista de extremos no que toca à sua atuação ao vivo. Tanto pode captar pelo ênfase visual do espetáculo como cansar pelo excesso desta preocupação. É, no entanto, importante realçar que a parte musical nunca é descurada.
St. Vincent é uma artista como poucas no que toca à semelhança com que consegue reproduzir as versões de estúdio, adicionando a sua própria sensação do momento através de pequenas variações na voz ou solos de guitarra. Sim, por vezes exagera no experimentalismo dos solos tendo em conta a música original; St. Vincent vive muito de contradições e de opostos.
Com um alinhamento com claro destaque para o álbum homónimo do ano passado, acompanhado das devidas coreografias, onde não faltaram os singles “Digital Witness”, “Prince Johnny” – onde a artista hiberna do topo do um pedestal cor-de-rosa – “Birth in Reverse” e “Regret”, bem como a outros temas do álbum.
No entanto, St. Vincent não vive só da sua nova era pós-David Byrne. Houve tempo para clássicos como “Cruel” – onde a artista pela primeira vez deixou cair um pouco a máscara, para logo a voltar a colocar num pseudo-stand up nem sempre compreendido – “Actor out of Work” e “Cheerleader”.
Já no encore, Annie Clark subiu ao palco sozinha para tocar “Strange Mercy” do álbum com o mesmo nome. St. Vincent naquele momento não era mais a figura teatral que o público vira antes. Tinha-se despido de teatralismos e era apenas ela.
Texto para o Jornal Universitário do Porto
Fotografia por Nádia Teixeira